quarta-feira, 15 de junho de 2011

Composição: Inspiração divina ou fruto do talento humano?


É comum no meio cristão, em especial das pessoas que são ligadas à música, ou são compositores na igreja, ouvirmos expressões como: "Deus me deu essa música" ou ainda, "Fui inspirado por Deus pra fazer essa canção". Mas será, que de fato, por mais belas que sejam muitas canções, são dadas pelo próprio Deus? É Ele quem as inspira? NÃO!!! definitivamente nenhuma canção, que não esteja registrada na bíblia (Como os Salmos, o cântico de Maria e outros...), é inspirada por Deus, ou é dada por Ele de forma direta e pessoal. Essas canções são sim fruto do talento, do conhecimento e das experiências humanas.


I Ponto: Por que não são inspiradas?


Algumas breves considerações sobre inspiração divina:


O termo "inspirado por Deus" é usado para designar a forma com que a bíblia foi escrita, em II Tm. 3:16 está escrito assim: "Toda escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para repreensão, para correção, para educação na justiça." e em II Pd. 1:21 assim: "porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens {santos} falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo."


E o que significa a expressão "inspirada por Deus''? Estritamente falando inspiração significa "soprar para dentro, aspirar" no texto de II Tm. 3:16 a palavra grega usada é THEOPNEUSTOS e significa soprado por Deus. O que o texto quer dizer é que as escrituras foram produzidas pelo próprio Deus, foram sopradas por Ele, como um barco a vela, sem leme, a onde o vento lhe leva para onde quer, assim Deus conduziu os escritores bíblicos.

Já no texto de II Pd. 1:21 a expressão "movidos pelo Espírito Santo" significa literalmente, "carregados" pelo Espírito Santo, ou seja, nada do que foi produzido na bíblia foi produzido segundo a vontade do homem, mas de Deus.

Charles C. Ryrie define inspiração divina como: "O processo divino de supervisão dos autores humanos da bíblia, de modo que, usando suas personalidades e estilos, compuseram e registraram sem erro a revelação de Deus ao homem nas palavras dos manuscritos originais.

Quando Deus inspira, aquilo que é produzido por essa inspiração é perfeito. O único registro inspirado por Deus é a bíblia. No seu original.

As canções que não estão registradas na bíblia não são inspiradas por Deus e não importa se foram compostas por Lutero ou por Ana Paula Valadão. E porquê não são inspiradas por Deus? Porque é possível que haja erro. O fato de não serem inspiradas não significa que essas canções não sejam abençoadoras. Todo compositor cristão, comprometido com o reino de Deus, procura produzir suas canções baseadas na palavra, na bíblia, como fazia o salmista: "Os teus decretos são o tema da minha canção em minha peregrinação." Sl. 119:54 (NVI).
Mas, no momento em que compomos somos influenciado, inevitavelmente, pelo nosso ponto de vista teológico, por nossas experiências. Você já imaginou um compositor de origem pentecostal compor uma canção contra a contemporaneidade dos dons? ou um compositor reformado compondo incentivando o falar em línguas, o profetizar? Dá pra imaginar um arminiano compondo que fomos eleitos e que a salvação não se perde? ou um Calvinista que afirma em sua canção que se você não vigiar poderá perder a salvação? Não, não dá pra imaginar essa situação. Não tem jeito, defendemos o nosso ponto de vista em nossas composições. E aí, se todos disserem que receberam de Deus a canção? Se todos disserem que foram inspirados por Deus? Que confusão em? E então, se não somos inspirados por Deus, como se dá o processo de composição?


II Ponto: Usando nosso talento para glória de Deus.


Queridos, em Tg. 1:17 está escrito: "Toda boa dádiva e todo dom perfeito é lá do alto, descendo do Pai das luzes, em que não pode existir variação, ou sombra de mudança." Ou seja, todo talento, que qualquer pessoa possa ter, vem de Deus. Compreender isso na hora de compor faz toda a diferença. Há compositores extraordinários, poderia citar muitos, cristãos e não cristãos mas, não é necessário.


Gostaria de destacar duas diferenças básicas entre compositores: Os que honram a Deus com seu talento e suas composições e os que não honram a Deus e componhem para sua própria glória. O que define um e outro, infelizmente, não é o fato de um ser cristão e o outro não mas, a compreensão de duas coisas, a primeira: O entendimento do que diz o texto acima citado e a compreensão de que seu talento, sua capacidade, tudo que ele tem de bom, vem de Deus. Os que compreendem isso glorificam a Deus por seu talento e reconhecem, humildemente, que se não fosse o Senhor não seriam capazes de produzir canções e obras tão lindas. A outra coisa é, partindo dessa compreensão de que o talento vem de Deus, é entregar o que produziu, o que compôs, a Deus. É o que nos ensina o salmista no Sl. 45:1, vamos conferir: "De boas palavras transborda o meu coração: AO REI CONSAGRO O QUE COMPUS: A minha língua é como a pena de habildozo escritor." (Consagrar significa: Separar, ou dedicar para o uso de Deus.)


Mesmo não compondo canções perfeitas é possível que Deus as use para abençoar muitas pessoas, as use para edificar seu corpo, a igreja. Usemos todo nosso talento para glória de Deus e consagremos a Ele nossas canções.


Conclusão: Como compositor compreendo muito bem quando alguém lança mão dessas expressões: "Foi Deus quem me deu" ou "Foi Deus quem me inspirou", para responder a pergunta: - de quem é essa música? Muitas vezes é uma forma de demonstrar humildade, eu mesmo já respondi assim tantas vezes, por isso não os jugo. Mas, hoje compreendo que a forma mais correta de responder a essa pergunta é assumindo a autoria, a composição, dizendo: - Foi eu quem fez, usei o talento que Deus me deu, o conhecimento bíblico que adquirir através da leitura da palavra, usei algumas experiências pessoais, mas o mais importante, o mais importante mesmo, é que consagrei essa canção a Deus, agora é dEle. Que ele seja o único honrado e glorificado pelos frutos que essa canção possa vir a dá. A Deus toda glória!



No amor do Pai,
Marcos Paulo Correia.

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